segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

José Saramago foi no mínimo audacioso ao exigir que Fernando Meirelles dirigisse “Ensaio sobre a Cegueira”.
Tanta audácia, tanta exigência que deu no que deu.
É complicado a principio falar do filme sem anteriormente ter lido o livro, creio que faltou muita coisa, detalhes, personagens, como acontece com toda adaptação. Sei também, que nada substitui a leitura de um livro, ainda mais de uma obra renomada como esta, entretanto é impossível compará-los já que a maneira pelo qual são produzidos é completamente diferente, enquanto no livro o personagem foi montado a seu critério baseado nas características que lhe foram passadas, no filme ele chega completamente pronto, decepcionando alguns.

Ao assistir “Ensaio sobre a Cegueira” me convenci que preciso ler o livro, o filme já conseguiu superar minhas expectativas.
O filme mostra como somos medíocres. Como vivemos uma vidinha medíocre, como somos imundos partindo de nossas necessidades básicas.

Um surto de cegueira contamina toda população levando a sociedade a beira do caos. Os “cegos temporários” são isolados em lugares fechados para não alastrarem a doença. Confinados, passam desenvolvem regras de convivência, e sofrerem todos da mesma cólera. Apenas um dos confinados tem sua visão perfeitamente conservada, o que é de muita importância, já que ela ajuda a todos no desempenhar de suas atividades e tenta deixar o ambiente com um ar no mínimo habitável.
Os personagens fogem do convencional, nos levando a crer que não estamos diante de monstros, mas sim apenas frente a frente com a ausência de um de nossos mais preciosos sentidos: a visão.

O estupro coletivo foi sem dúvidas a cena mais forte, a que certamente deu a sensação de nojo, impotência e choque a muita gente. Se submeter a situações humilhantes como esta nos leva a crer que em determinadas situações somos vulneráveis e submissos dependendo do que se está em jogo.

Não assista o filme com o intuito de descobrir a cura da cegueira ou porque um dos personagens (uma mulher) não contraiu a mesma, mas sim, o comportamento humano, o sujo, a extremidade das coisas, e como podemos ser primitivos quando a situação exige que sejamos.

Resolvi postar a capa do livro e não o cartaz do filme como forma de incentivo a leitura, para que muitos como eu leiam esta obra que deu tanto o que falar, e que pode mudar nossa perspectiva e opinião frente a vários assuntos e momentos de nossas vidas.


Hoje vou ficando por aqui, final de semana não deu para os filmes, mas espero ir assistir “Última Parada 174” que estreou sexta feira, deixe só passar alguns “stresses” da faculdade.

Até mais.

2 comentários:

Jofran disse...

Um filme ótimo. Com certeza está entre os meus favoritos. Concordo em gênero e grau com tudo que você disse... ressalto ainda o talento do elenco, desde a criança até os idosos. Eles foram perfeitos na interpretação, e eu diria até mais, na INCORPORAÇÃO. Repetindo o que Cynthia disse: este filme nos mostra o quanto somos podres, e este sentimento aflora nas horas que a luta pela sobrevivência e o individualismo fala mais alto.

=**

LA disse...

Eu não gostei do filme, mas fiquei com vontade de ler o livro, só para matar a curiosidade. Acho que, como em quase todas as obras literárias que viram filmes, o livro é sempre melhor e mais instigante, porque no filme sempre dá a impressão de que faltou algo. De vez em quando passo aqui aí hoje, te vendo online no MSN dizendo que o blog estava atualizado, resolvi vir e comentar. Sinceramente, não recomendaria o filme para outras pessoas, não me agradou. Mas reconheço que é uma análise fiel e profunda do mais podre que existe dentro do ser humano.
Até o próximo post ;)